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No esplendor do 7OMM
Uma edição recente em Blu-Ray do filme Oliver!, dirigido por Carol Reed,
relembra a apresentação espetacular em cinema com tela de 70 mm.
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Written by: Paulo Roberto P. Elias, Rio de Janeiro, Brazil |
Date:
04.02.2017 |
Mark
Lester, "Oliver!". From the DVD.
Now, with digital projection permanently on line, we ended up losing
track of the magnificent splendour of the former 70 mm system, its sound and
picture brilliance. A restored copy of Carol Reed's classic Oliver! on Blu-Ray
is a true reminder of those glorious days. Regrettably it is still a limited
edition, but word has that Columbia may remedy this soon.
Paulo Roberto P. Elias, Brazil
Com a introdução radical da projeção digital nas redes exibidoras
brasileiras foram por terra as esperanças de retornar aos dias gloriosos
da película de bitola larga ou da projeção com lanternas de alto brilho
e lentes scope Panavision de alta qualidade.
Toda vez que eu assisto um documentário sobre esta época, sobre o
Cinerama, Todd-AO e processos similares, a primeira coisa que me vem à
mente é que é quase impossível descrever como eram as antigas projeções
nos cinemas para alguém que nunca esteve lá. E hoje em dia, nas salas
congelantes e sem grandes atrativos, as sessões mais parecendo um
programa de televisão, com toneladas de anúncios, o espectador mais
jovem não terá parâmetros para avaliar o que foi perdido.
Infelizmente, a minha geração e as dos meus amigos próximos sabe o que
foi e sabe que não volta mais. É uma consciência doída, que a gente nota
nos documentários sobre o assunto, portanto não se trata apenas de
saudosismo pessoal, mas de perda real de algo que teve, como cinema,
grande valor no passado.
E foi naquele clima que eu assisti "Oliver!", filme do notável diretor
inglês Carol Reed, lançado em 70 mm no Cinema Vitória, na Cinelândia do
Rio de Janeiro.
As décadas de 1960 e 1070 assistiram a grande derrocada do que se chama
hoje de “cinema de rua”, com impacto no mercado exibidor em solo
norte-americano. Mas, curiosamente, esta perda não se refletiu por aqui,
tanto assim que muitos exibidores abriram várias salas, algumas já
equipadas com sistema de projeção em 70 mm.
O mercado de filmes em bitola larga de 70 mm aqueceu de tal forma, que
os estúdios lançaram filmes rodados em Panavision 35 mm ampliados para
70 mm, e em certo ponto lançando mão de filmes antigos, filmados com
lente plana ou em CinemaScope, e relançando nos cinemas em telas planas
ou ultra curvas do 70 mm.
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Ron
Moody, "Oliver!". From the DVD.
Quando "Oliver!" foi exibido no Vitória, o cinema ficou abarrotado. A
expectativa em torno do filme e da estória atraiu o grande público.
Tivesse Carol Reed se proposto a mais uma versão em filme do romance
clássico “Oliver Twist”, escrito por Charles Dickens, o impacto talvez
não tivesse sido o mesmo. Mas, se tratava de uma megaprodução, com sets
em larga escala no estúdio, poucas cenas rodadas em locação, controle
total de uma produção baseada em uma versão musical da estória.
E mesmo depois de passados tantos anos (o filme foi lançado em 1968), a
gente se depara coma obra super moderna, não só sob o ponto do visual,
como também pelo brilhantismo na condução dos atores e em todos os
aspectos da produção. O filme contou com parte da nata do cinema inglês
da época. E como era comum neste tipo de produção, alguns grandes
atores, como, por exemplo, Leonard Rossiter ou Harry Secombe, tem
aparições discretas no filme. E Carol Reed ainda teve o trabalho de
educar para o cinema os atores Mark Lester e Jack Wild, o primeiro ainda
bastante verde (com 10 anos de idade) e o outro já parecendo um ator
profissional. No filme não se percebe, mais Jack Wild já tinha 16 anos
de idade. Ambos iriam ter carreira duradora como atores, mas Wild acabou
sendo vítima de câncer, falecendo aos 53 anos de idade.
É impressionante apreciar o trabalho espontâneo desses dois jovens,
principalmente o olhar melancólico de Mark Lester, ao incarnar o
personagem principal da estória. O grande trunfo, entretanto, estava na
presença em cena do super versátil Ron Moody, que ganhou o Oscar de
melhor ator, no papel do desonesto Fagin.
Todos esses personagens são complexos. Fagin, por exemplo, é um sujeito
de fala macia, sedutor, ao mesmo tempo em que passa a perna em todo
mundo. Parece até um político dos tempos de hoje.
A produção conta com a colaboração do experiente Johnny Green (ex-MGM) e
da coreógrafa Onna White, conhecida por seu trabalho em “O Vendedor de
Sonhos, lançado em 1962. O filme ganhou vários Oscars, incluindo melhor
filme e direção.
A fotografia Panavision 35 mm de Oliver! é exemplar, e não se poderia
esperar menos de um diretor do calibre de Carol Reed, e sim, o filme foi
ampliado para 70 mm, e apresentado como tal no Cinema Vitória, ainda com
projetores Philips DP-70, como me informou anos atrás o
Orion Jardim de Faria fabricante dos Incol 70/35, que iriam eventualmente substituir os
Philips naquele cinema.
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A restauração e a edição em Blu-Ray
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Frame
grab "Oliver!". From the DVD.
A primeira cópia em home vídeo que eu tinha de Oliver! foi editada em
VHS Hi-Fi. A esta altura, a imagem era de baixa qualidade, mas
assistível. O som, entretanto, já mostrava sinais de decadência, com
distorção nos vocais, principalmente os da atriz Shanni Wallis, que faz
o papel de Nancy.
A edição em DVD comemorou 30 anos de aniversário do filme, já com
restauração completa de imagem e som (Dolby Digital 5.1). Tudo indica
que a master magnética original não teria sobrevivido, mas a trilha soa
muito bem, sem um traço sequer da distorção observada na edição em VHS.
Lamentavelmente, a edição atual em Blu-Ray, editada pelo selo Twilight
Time, teve prensagem limitada a 3000 cópias, que não é quase nada para o
mercado americano. A revenda do disco pode ainda alcançar valores
estratosféricos, mas se o leitor recorrer ao site da Screen Archives
(loja que teve exclusividade do selo) o mais rápido possível, ainda
consegue alcançar o preço promocional oferecido. Ainda está para sair a
edição da Columbia, mas sem data prevista.
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"Oliver!"
in London. From the YouTube.
Na edição da Twilight o disco apresenta imagem e som com qualidade
satisfatória. A dinâmica da trilha sonora é superior à do DVD, e
percebe-se uma pequena alteração da mixagem multicanal, com algumas
cenas espalhadas para o surround lateral. Nada de muito importante,
porque o filme foi originalmente projetado para telas 70 mm, com cinco
canais na frente. A direcionalidade dos diálogos está muito bem
preservada, e só isto já deixará o fã de cinema contente.
Abertura e intervalo estão igualmente preservados com tela escura, o que
é ótimo, porque nas apresentações daquela época estes trechos da trilha
eram reproduzidos com as cortinas fechadas! Ao tocar o disco esses dias,
quando chegou próximo de 1:30 de duração, a imagem fica momentaneamente
escura e a minha filha me pergunta: “Ué, acabou?” Então, eu fui
compelido a dizer que naquela época tinha intervalo, e de fato logo a
seguir aparece o crédito com a mensagem “Intermission”. Melhor do que
isso, só se nós estivéssemos de volta aos cinemas.
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28-07-24 |
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