| |
A restauração de Oklahoma!, parte II |
Read more at in70mm.com The 70mm Newsletter
|
Written by: Paulo
Roberto P. Elias, Rio de Janeiro, Brazil |
Date:
01.01.2015 |
Há alguns meses atrás o Webinsider publicou um
texto
mostrando o projeto de restauração do primeiro filme Todd-AO, com o
título Oklahoma, baseado na peça musical do mesmo nome.
Agora, uma vez de posse de uma cópia do lançamento norte-americano em Blu-Ray
é possível fazer uma apreciação sobre o resultado deste trabalho. E vou logo
adiantando: não podia ter sido melhor!
Colecionadores, estudantes da história do cinema e cinéfilos ficarão
satisfeitos em saber que um filme importante como este, cujo negativo de
câmera estava praticamente inutilizável, foi bem recuperado e preservado
para a posteridade através de um trabalho de laboratório bastante competente.
Segundo um
press-release publicado no site do Studio Daily, cerca de nove anos
atrás a Fox pediu ao laboratório da FotoKem uma inspeção do negativo de
câmera e a tentativa da sua recuperação. Mas, segundo os especialistas, este
tipo de negativo tende a desbotar as cores de forma desigual. Dependendo do
grau de descoloração, a sua recuperação se tornará muito difícil ou até
impossível, sem falar nos custos.
|
More in 70mm reading:
The restoration of Oklahoma! on Blu-Ray
A restauração do
clássico Todd-AO “Oklahoma”
The (most
anticipated) restoration of the Todd-AO feature Oklahoma
Fred Zinnemann's
"Oklahoma!" in Todd-AO
Internet link:
|
À época, diante do estado adiantado de desbotamento, foi então solicitada a
cópia do negativo anteriormente feita para um interpositivo (IP).
Normalmente, o estúdio cria um interpositivo para depois gerar um
internegativo (IN), que é usado para as cópias positivas em película usadas
para exibição. Mas, neste caso, a criação do IP foi feita para preservar o
pouco de integridade que ainda existia no negativo de câmera.
Uma vez recorrendo a este IP, a FotoKem criou um arquivo com a varredura dos
fotogramas em scanner Imagica de 8K de resolução. A resolução alta é
recomendável, por se tratar de um fotograma de 65 mm de bitola, que será
usado para a restauração. A varredura ocorre após a passagem do filme em um
tanque de lavagem (“wet gate”), o que produz a remoção da maioria das
contaminações que estão ali impregnadas. O restante dos danos físicos será
retirado com programas específicos.
Uma vez digitalizado, o filme pode então ser submetido aos programas de
recuperação. Tudo irá depender do resultado observado na inspeção do filme
em ambiente digital. No caso específico de Oklahoma notou-se o descoramento
da informação fotográfica retida no amarelo, e ainda o centelhamento
(“flicker”) da imagem, e a variação intermitente de intensidade de cores em
partes da fotografia, chamado pelos técnicos de “color breathing”.
|
|
Fora a limpeza habitual de riscos e correção de pontos onde o negativo foi
danificado, a retirada de grãos ficou restrita a cenas específicas, e
mantida no mínimo possível. Este procedimento é saudável, para se evitar
corromper a estrutura normal da película, retirando junto com os grãos
partes da imagem original.
O resultado final da limpeza e balanceamento
de cores e outros detalhes é posteriormente transferido a um intermediário
digital (DI) com 4K de resolução. Deste são retiradas as cópias para os
cinemas e para as mídias.
Abaixo, é reproduzida a mesma cena mostrada no texto anterior, a partir do
DVD anamórfico, mas desta vez com a visão correta e superior em definição
contida na edição em Blu-Ray:
Note-se a clareza da imagem e o balanço perfeito na reprodução das cores.
Mesmo nas cenas onde houve tomada em interiores, com a iluminação feita em
estúdios, o resultado é simplesmente espetacular, como mostrado abaixo:
A versão em CinemaScope, que não havia representado problemas quando da
edição em DVD, foi transcrita para Blu-Ray com um refinamento exemplar,
aparentemente sem grandes transtornos de limpeza do negativo.
|
|
Apreciação
|
|
A edição em Blu-Ray apresenta Oklahoma em sua versão de cinema original, que
teve filmagem em 30 quadros por segundo. Para evitar a conversão de cadência,
a FotoKem preferiu transcrever o filme em 1080i, a partir de 30 qps no
scanner.
A imagem é lida pelo reprodutor de mesa no valor nominal de 29.970 Hz (por
favor, leia a Nota mais abaixo). Na saída HDMI normal (sem upscaling) de um
Blu-Ray player a imagem é transmitida em 1080p 60 Hz, tornando o sinal
compatível com qualquer tela de TV. Fazendo-se um upscale para 4K, a saída
HDMI passa a transmitir uma imagem em 2160p 30 Hz, com excelentes resultados.
Nota: Em termos de vídeo, o número de quadros por segundo se refere à
formação de um quadro completo na unidade de tempo, em varredura progressiva,
e este valor é expresso em Hz.
O som original é transcrito em DTS HD MA de 7.1 canais, mas não existe
praticamente nada importante na reprodução dos canais surround, apenas um
pouco de ambiência. Nota-se uma mixagem na maioria das falas dos diálogos,
mas nada de muito preocupante. A maior parte do som está localizada nos
canais frontais, e não fica claro o porquê do uso de sete canais na
codificação da trilha. A orquestração e a dinâmica estão corretamente
preservadas, mas o nível de amplitude geral é um pouco baixo, obrigando o
usuário a aumentar o volume master significativamente.
A versão em CinemaScope é transcrita em um disco separado. Na edição em DVD
anterior, não se nota nada de anormal na imagem, e o Blu-Ray apenas
acrescenta a qualidade que o DVD não tem. O som, por outro lado, é
transcrito em DTS HD MA de 4.0 canais, bem mais realista para este tipo de
projeto.
Não há dúvida, para o fã de cinema ou entusiasta, de que o som do filme
Todd-AO é muito superior ao da versão em CinemaScope. Ambas as trilhas são
derivadas de filme magnético, mas no final o avanço da perfuração do filme
70 mm na janela do projetor (5 em vez das 4 do 35 mm) faz a película passar
mais rápido nas cabeças leitoras e por isso a reprodução aumenta em dinâmica
e fidelidade na sala de cinema. Resultados idênticos são agora observados
dentro de casa.
|
|
Title
card for "The Miracle of Todd-AO" also included in the Blu-ray.
A conversão de filme em película para vídeo a partir do interpositivo
costuma dar resultados não condizentes com a resolução do Blu-Ray, mas neste
caso a imagem supera todas as expectativas, mesmo do usuário mais exigente
e, na minha opinião, superou todas as outras transcrições semelhantes,
lançadas em passado recente.
Sendo este um esforço que beneficia o resgate da história tecnológica do
cinema, a presença deste set no mercado brasileiro deveria ser obrigatória,
mas a Fox local ainda não se pronunciou a respeito. A empresa costumava ter
uma ótima interface com o consumidor, mas de uns tempos para cá ela não
responde a qualquer mensagem. Lamentável!
Oklahoma em Todd-AO estreou no já destruído
Rivoli
Theater, com o uso dos projetores Philips DP-70 encomendados
especificamente para este tipo de filme. A cópia digital em tela curva foi
exibida recentemente na Europa, no
Schauburg,
local que abriga todos os anos sessões de cópias de filmes 70 mm para os
aficionados.
|
|
|
|
Go: back - top - back issues - news index Updated
28-07-24 |
|
|