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A projeção em Dimensão 150 |
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Written by: Paulo Roberto P.
Elias, Brazil |
Date:
10.02.2024 |
A entrada do
Cinerama, a partir de 3 películas de 35mm com a relação de
aspecto alterada e projetadas em uma tela ultra curva, inaugurou não só
a projeção de filmes com uma imensa tela larga, mas também a
apresentação de uma imagem capaz de aumentar a visão periférica do
espectador, fazendo com que ele ou ela “entrem” no cenário do filme. É o
mesmo conceito que se usa hoje, quando a mixagem do som é do tipo 3D
(Dolby Atmos, etc.), com o objetivo de imergir a plateia na ação do
filme.
Uma série de razões levaram o filme em Cinerama a ser extintos, e os
cinemas equipados para projetá-los a trocarem os seus equipamentos para
a projeção em 70mm, mantendo a tela anterior. A película em 70mm pode
ser oticamente distorcida, de modo a emular a curvatura da tela de
Cinerama, daí o nome de fantasia de “Super Cinerama” ou “Cinerama 70”.
Quando o formato do Todd-AO foi
desenvolvido os seus projetistas tinham
esta ideia em mente. Michael Todd, seu proponente, chamou o Todd-AO de
“Cinerama outa one hole”. Como “hole” (“buraco”) Todd se refere à
filmagem e projeção na tela de Cinerama com uma única lente. Um dos
filmes idealizados para este tipo de projeção foi a comédia de Stanley
Kramer
“Deu a Louca no Mundo”, exibido em Cinerama 70 no Cinema Roxy,
Copacaba, Rio de Janeiro.
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O processo em Dimensão 150
A filmagem em
Dimensão 150 (D-150) foi feita com lentes desenhadas para
permitir que a apresentação dos filmes fosse feita em uma tela de 150
graus, próxima, portanto, da tela de Cinerama, que tem 146 graus. O
D-150 é subsequente ao Todd-AO, porém mantendo alguns dos seus
princípios de formatação, como, por exemplo, o áudio com 5 canais na
tela e 1 surround, seis no total. Além disso, o fotograma original, tal
com o Todd-AO, poderia ser exibido sem aquela curvatura, ou seja, tela
de 70mm “plana” convencional.
Apenas dois filmes foram rodados em Dimensão 150: o inexpressivo “A
Bíblia” e “Patton”, este último visto por alguns como apologia ao estado
de guerra.
Na época em que
"Patton" foi exibido no
Rio de Janeiro, a apresentação não
foi feita em Dimensão 150, mas sim no Cinema Palácio e circuito, este
bem ao lado do Metro-Boavista, que foi montado para este tipo de
projeção.
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A projeção em Dimensão 150
Ao contrário das filmagens em D-150, a projeção neste formato continuou
a existir, para sorte dos fãs de cinema. O Metro-Boavista havia sido
montado com o que de mais moderno existia em projeção de filmes. A tela
D-150 poderia ser aproveitada para todos os outros tipos de formato,
inclusive 35 mm plano e anamórfico. O Metro usou uma tela com a borda do
enquadramento dos fotogramas ajustada eletricamente junto com a abertura
das cortinas, dando assim um espetáculo de exibição moderno e diferente
dos outros cinemas.
Antes do filme começar, os créditos da apresentação são projetados
anunciando o formato:
O Metro-Boavista usou projetores de 35/70 mm
Cinemeccanica Victoria 8,
com lentes para D-150. Um projetor deste último pode ser visto a seguir:
Todas as apresentações em Dimensão 150 que eu assisti no Metro-Boavista
foram simplesmente espetaculares. Depois de um certo tempo, o Metro
começou a projetar filmes em 70mm convencionais, mas na mesma tela de
D-150.
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Uma ausência sentida
Todas as apresentações em D-150 que eu tive chance de assistir no
Metro-Boavista foram espetaculares, imagem e som, inclusive de filmes 70mm convencionais, em outros formatos ou ampliados de Panavision ou
formatos 35mm similares, por exemplo, para 70mm.
Para mim, o Todd-AO, lançado anos antes, se tornou uma referência na
projeção em Cinerama 70 (ou Super Cinerama, se quiserem), porém o D-150
tem como um dos seus méritos a curvatura de tela mais próxima do
Cinerama propriamente dito.
O que de mais notório eu pude perceber na tela de D-150 do
Metro-Boavista foi o alcance dinâmico do fotograma projetado, cortando
pouco a relação de aspecto, que é necessária para adaptar a projeção de
filmes fora do padrão D-150.
As apresentações de qualidade em qualquer cinema são resultado da
combinação entre tela e distribuição dos sonofletores, tanto na tela
quanto no auditório. No caso específico do Metro-Boavista nenhum
sonofletor surround podia ser visto pela plateia, aumentando a sensação
de som no ambiente vindo de algum lugar de dentro do espaço do
auditório.
O movimento das cortinas, em conjunto com o aumento ou diminuição das
bordas da tela, tornaram a apresentação em Dimensão 150 no
Mettro-Boavista um espetáculo de rara beleza, com as cortinas se
fechando na Abertura e Intervalo dos filmes.
Não há, a meu ver, a menor chance de simular algo parecido em casa,
mesmo nas instalações de home theater mais sofisticadas. Além disso,
muitos filmes em disco anteriormente projetados em 70 mm, que são
oferecidos ao colecionador, não apresentam a abertura e intervalo
originais das suas apresentações em tela larga.
Assim, a ausência do formato D-150 é sentida até hoje, por todos os fãs
de cinema que tiveram a sorte e o privilégio de vê-lo ao vivo, nos bons
tempos do 70mm.
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